Hoje, continuando nosso estudo sobre a avaliação, elaboramos uma síntese do texto "Avaliação da aprendizagem escolar: Apontamentos sobre a pedagogia do exame", de Luckesi. Aonde, podemos analisar a importância dada, em nossa sociedade, ao processo do exame, que se manifesta de forma classificatória e excludente.
Síntese
Avaliação da aprendizagem escolar: Apontamentos sobre a pedagogia do exame
A avaliação da aprendizagem se tornou alto tão amplo e importante que nossa prática educativa passou a ser direcionada por uma "pedagogia do exame". O exemplo mais forte é o ensino médio, onde somos preparados apenas para resolver provas, pensando no vestibular. Seguindo esse conceito e quando o ambiente escolar não é suficiente para essa preparação, parte-se para os cursinhos pré-vestibulares, onde são mais específicos no que o aluno deve ser preparado: resolução de provas. Mas, o enfoque principal é que a prática pedagógica está polarizada pelas provas e exames.
A pedagogia brasileira deixa de assumir seu caráter de ensino/aprendizagem para se transformar numa prática da promoção e do exame. Esta, baseada principalmente nos ideais jesuítas, que exaltavam o exame e as provas, embora definissem com rigor seu processo de ensino. Nesse modelo pedagógico os pais estão mais preocupados se o filho irá ou não ser promovido, mesmo que estes não estejam, de fato, preparados para o próximo ano letivo. Indicando a ideia de que é melhor estar aprovado do que educado.
O docentes, objetivando um maior número de aprovados ou quando identificam que seu trabalho não surge efeitos, apresentam a pedagogia do medo. Aonde, alunos são ameaçados e torturados com as provas e a ideia de reprovação ou por meio de frases como: "estude mais!", "a prova está difícil!". Além de serem capazes de desenvolver provas para reprovar, seja através de questões que não condizem com o conteúdo trabalhado em sala ou com a linguagem de difícil compreensão para o alunado. Outro método para forçar os alunos a realizar determinadas atividades, que por muitas vezes não são direcionadas para a aprendizagem, é o sistema de pontos, aonde são oferecidos pontos a mais ou a menos nas notas.
Os educandos, em resposta aos estímulos dos mestres, se interessam apenas em se adequar ao processo de avaliação destes, buscando unicamente em obter notas para a promoção de uma série para outra. Nesse processo avaliativo o que é observado são apenas as notas, não importando como foi sua obtenção e o percurso do processo de aprendizagem. As notas assumem uma forma divina e inalterável para professores e alunos. Ou seja, o estudante se vê obrigado a obter a nota média nas atividades para ser aprovado e não se preocupa muito com o que aprende.
As Unidades de Ensino se preocupam apenas com a situação global da instituição (as notas de todos, em uma só escala), e para isso as curvas estatísticas são suficientes. Apesar dos processos educativos estarem defasados, esses dados estatísticos formais demonstram o contrário para quem os lê de uma maneira ingênua. Nossa educação é excludente e seletiva e para muitos isto é normal, pois, o sistema de notas ou conceitos está tão profundo em nós que dificilmente conseguimos enxergar quem governa quem.
Se uma instituição escolar inicia um trabalho efetivamente significativo do ponto de vista de um ensino e de uma correspondente aprendizagem significativa, social e política, o sistema "coloca o olho" em cima dela. Pois, assim ela pode estar indo de encontro ao que eles realmente desejam. Na visão deles, uma boa apresentação de um quadro de notas e a não ruptura do "decoro social" é o que a escola deve apresentar. E, se a instituição estiver formando realmente uma consciência crítica no cidadão, ela é autuada. E nesse sentido a educação é governada, principalmente, pelo medo.
Referências:
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: Apontamentos sobre a pedagogia do exame. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 35-44.
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